A origem humilde não foi um obstáculo para que Cirlene Miranda se superasse na busca pela realização dos seus sonhos. Nascida na comunidade do Jacarezinho, primeira de seis irmãos, cresceu vendo a disposição da mãe para as vendas e a confecção de bonequinhas de pano como forma de complementar o salário do marido e ajudar na criação dos filhos.

O pai, apesar de todas as dificuldades, conseguiu prosperar como caminhoneiro, fazendo o transporte de mercadorias dentro da própria cidade. Essa condição o colocava um pouco distante da família.

Crescer nesse ambiente influenciaria decisivamente na maneira de Cirlene encarar os desafios e escrever a sua história de força, fé e determinação.

Ainda na infância, a menina de quatro anos passou por sua primeira provação. Enquanto Cirlene brincava com a sua boneca, a prima pegou uma tesoura, sem que os adultos vissem, para levantar os tacos da sala. Em um desses movimentos, a tesoura escapuliu e foi direto no olho esquerdo de Cirlene. Como resultado, ficou no Hospital Souza Aguiar e estava certo de que seria necessário a colocação de um olho de vidro. No entanto, após muitas orações, a mãe teve seu pedido atendido e Cirlene ficou livre desse malfadado diagnóstico, precisando conviver apenas com a perda do cristalino.